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Foto do escritorMichele Costa

A leveza de Duna Duo

A leveza de Duna Duo vai além do título do álbum, "Leve", lançado este ano. O baiano Adriano Rocha e a cantora e professora de teatro Kaise Helena carregam dentro de si a leveza poética e musical que, ao se misturarem com as oito canções do disco, transportam o ouvinte para um mundo sensível.


Compartilhando os vocais em "Leve", os gostos musicais e o amor (pelas pessoas, animais, sensações, amigos e muito mais), a dupla passeia por diversos gêneros musicais para cantar sobre o melhor sentimento que o ser humano pode sentir - tão vasto, intenso e puro.


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Duna Duo surgiu em 2017, em um lançamento de livro, certo? Como foi esse encontro?

Adriano: Isso. Em 2017, teve um lançamento do livro da Ana [companheira de Adriano], eu fazia parte de um coletivo chamado "Artistas Pela Democracia", a gente tava naquela época do Fora Temer e tal e nós fazíamos muitos eventos na cidade de cunho político e um amigo me pediu "cara, tem uma amiga minha que vai fazer o lançamento de um livro e vai precisar de um equipamento de som, eu não vou poder ir, será que você quebra esse galho?". Aí levei [o equipamento]. Quando cheguei lá, conheci a Ana e olhei para essa figura [Kaise] que tava no palco, tocando violão e cantando e falei "que voz bonita". Ali [no encontro], conversei minimamente com ambas e sai correndo para tocar em outro lugar. Pronto, esse foi o primeiro contato, que foi praticamente visual. Depois teve… Eu e Ana começamos a nos seguir nas redes sociais, eu tava solteiro, ela solteira e de repente a gente começou a sair, começamos a namorar, então, a Kaise, por ser amicíssima dela acabou fazendo parte desses encontros. Alguns anos, logo nesse começo, por a Kaise cantar muito bem, embora ela não fosse da música propriamente dizendo, porque ela é mais do teatro - eu, por exemplo, vivo só de música, então sou da música mesmo, a Kaise é mais eclética, mais aberta para outras áreas. Por sugestão da Ana, ensaiamos algumas coisas, [fizemos] alguns projetos anteriores, como músicas regionais que gostamos muito, a gente tem um gosto musical muito próximo e nessa coisa toda, a gente ensaiava… Montamos um show e ele nunca aconteceu, nunca saía do papel. Em 2019, gravei meu primeiro disco e quando eu comecei a colocar o pé na estrada, para divulgar o trabalho, veio a pandemia. A gente ficou em casa e comecei a fazer alguns projetos paralelos, principalmente em lives. Um teatro me convidou para fazer um show-live, eu iria ao teatro e o povo assistiria de casa, e nisso, eu tinha acabado de fazer uma música para Ana, coisa que nunca foi de mim fazer música para ninguém, e mostrei pra Kaise e ela achou legal - me veio um estalo de "pô, Kaise, a gente podia fazer essa música juntos!" e a [música] ficou linda na voz dela; ai fui fazer esse show-live e convidei a Kaise e ela foi. Foi a primeira participação nossa, que só tinha uma música do Duna que era "Nosso Jardim". Tocamos ela e outras músicas. A minha pegada, minha linha de composição era diferente dessa e por muita insistência da Ana, ela sempre jogou essa coisa na minha cabeça, de fazer coisas mais leves, músicas mais doces para o povo ouvir e ficarem felizes, dei umas pesquisadas e quando dei por mim, o disco [“Leve”] tava pronto.

Kaise: Agora que você já falou tudo [risos]. Foi isso. Eu me lembro do início do relacionamento, da Ana com Adriano… Adriano é um anfitrião, Ana também é, então passei a frequentar a casa deles, sempre muito bom. Adriano tem uma cultura musical maravilhosa, tem uma coleção de vinis gigantes e assim, ele gosta de mostrar e é muita coisa legal, divertida e eu sempre aprendo muito com ele. Essa coisa da minha relação com a música, eu sempre cantei, mas como eu embrenhei para o teatro… Durante mais de 20 anos da minha vida, estudei, fiz graduação, fiz vários espetáculos, me especializei em teatro de bonecos, fiz mestrado nessa área, dei aula nessa área por muito tempo e de uns anos pra cá, trabalho com crianças, decidi trabalhar com musicalização infantil e vi o tanto que a música, pra mim, na minha lida, era mais direta e aproveitadora no fato de que eu cantava, então, isso facilitou. Nessa escola que eu trabalho atualmente, montei um duo também de música, mas latino-americana, então foi uma boa experiência; a gente estuda, ensaia… O Duna, a gente tem um trabalho mais direto, o Adriano é um compositor - como eu posso dizer isso? - extremamente criativo, o tempo todo [dá ênfase nessa parte] ele tem uma coisa nova, eu nunca vi! Rapidamente ele ajusta o tom, rapidamente não sei o que… É rápido! Pra mim tá sendo uma experiência, uma medida nova e ao mesmo tempo rica, de muito aprendizado e de uma parceria boa. Saber que as pessoas estão recebendo bem o álbum, que estão comentando as letras, as vozes, de ficar na cabeça - conheço gente que sabe a letra toda!

Adriano: Eu sempre tive muito problema com isso, antes de lançar o meu primeiro disco [Onde Tem Vagabundo O Capeta Não Encosta (2019)], já havia feito três discos e não tive coragem de lançá-los. Pra mim, era muito complicado essa coisa de você entrar nas casas das pessoas, você fazer música e as pessoas te ouvirem… Eu sou muito crítico, a minha autocrítica é muito radical… Acho que a Kaise consegue entender melhor, ela conhece meu gosto e sabe o tipo de discussão que levanto, as minhas bandeiras musicais… Não sei, eu nunca tive essa cara de pau de jogar, sempre tive medo da reação das pessoas ou de aceitar as críticas… No final, acho que a gente fez um bom trabalho, é um disco que gosto e ouço.

Kaise: Eu também! [risos]


Kaise, você veio do teatro. Como foi essa mudança "brusca" (entre muitas aspas) do teatro para a música?

Kaise: Ela é brusca entre aspas mesmo, porque no teatro eu sempre cantei [risos]. Eu percebi que cantava… Percebi que tinha um olhar externo, quando aos 14 anos, comecei a participar de um coral comunitário, perto da minha casa, e o professor que regia esse coral falou - e quando eu cantei, todo o coral calou e eu fiquei assim… Eu sempre fui muito tímida, foi um pouco antes de eu começar a fazer teatro. Ele [o professor], me deu algumas orientações depois fiquei cantando em coral por muito tempo e no teatro, quando me viram cantar, sempre me colocaram pra cantar e eu tinha muito prazer em cantar. Quando eu tava me dedicando para o teatro, não podia me dedicar integralmente à música. Depois do último espetáculo que fiz, em 2017, dei um tempo no teatro, me auto licenciei do teatro - é um auto licenciamento, não tô fugida e nem tô expulsa [risos]. Estou me posicionando, agora vou pausar aqui para me dedicar aqui. Meu foco agora, realmente, é o Duna e estudar música, ter mais consciência das coisas, além de seguir no meu trabalho com educação.


O que mudou do comecinho até aqui? Principalmente depois do lançamento do álbum?

Kaise: É a primeira vez que tô gravando, o Adriano já tem essa experiência há um bom tempo e eu não. Eu já tinha entrado em estúdio, já tinha gravado trilha, mas não eu sendo a musicista, a cantora. Pra mim, meio que está sendo tudo novo, cantar não é novo, mas é um aprimoramento. Eu não me coloco na posição de "eu chego, eu faço" - eu observo, estudo tudo, me coloco numa posição, que é a posição da vida…

É uma inquietação, né?

Kaise: Ao mesmo tempo que é uma inquietação, eu ofereço, mas ao mesmo tempo eu tô aberta às observações para que eu possa me aprimorar mais. Enfim, depois do lançamento… Primeiro, eu tenho que confessar, que na semana de lançamento, eu fiquei muito ansiosa, fiquei "tá tudo pronto, por que não consigo dormir?" [risos]. Depois que lançou, é receber esses feedbacks, que até então eu tava recebendo feedbacks de pessoas amigas e, de repente, agora, estamos tendo feedbacks de pessoas que a gente não conhece, que estão acompanhando a gente, ouvindo a gente nas plataformas, interagindo com a gente no instagram.

Dá um nervoso ainda?

Kaise: Dá, mas ao mesmo tempo já tá mais administrado, já voltei a dormir [risos].

Adriano: Eu penso o seguinte: eu não acho que a gente ainda não lançou o Duna [risos].

Kaise: É que a gente não quer ficar só nas redes, queremos fazer shows!

Adriano: Eu vejo… A gente começou a falar dessa coisa do virtual, eu quero tocar! O streaming não é o caminho pra mim, eu quero fazer shows, quero ver as pessoas, acho que fiquei muito tempo sem tocar, sem dar um acorde. Acho que falta um show.

Não dá para ficar sem o palco, né? O artista precisa dele.



Adriano, você tem uma carreira muito extensa na música. Eu queria saber se essa bagagem te ajudou também no processo criativo do Duna. Kaise, o teatro te ajudou a interpretar as canções?

Adriano: Lá se vão 28 anos de música, de estrada… São muitas histórias, muitos aprendizados. A minha referência que eu tento levar para a música… Acho que a minha referência de composição, da minha escrita, não vem da noite, eu que sou músico da noite, ela não vem daí. Acho que tem mais das coisas que eu leio, do meu cotidiano, dos meus discos, da minha história. Eu baseio, pontuo melhor a minha história musical, dentro do meu universo vinil, dentro do meu conhecimento de colecionador - nem gosto muito desse termo "colecionador", prefiro ouvinte. O trabalho do Duna não tem nada de novo, não é um trabalho novo, é um trabalho que já foi feito, refeito e feito de novo por n pessoas no Brasil e mundo afora. Acho que a diferença tá mais nos timbres de voz, acho que a minha voz não parece com nada [risos]. A Kaise tem um timbre bonito, é muito dela; quando você ouve a Kaise não dá para dizer "parece fulano" não, o Duna é o Duna - pra a originalidade do trabalho, pra identidade, isso é bem interessante.

Kaise: Pra mim, o teatro pra mim é o seguinte - e a música do Duna… Eu sou uma adepta da canção. Assim como o Adriano, essa coisa da canção, da poesia, do que tá sendo dito, pra mim, é muito importante. Como no teatro tem o texto e esse texto nem sempre é dito, às vezes ele é só sugerido e às vezes ele é todo em movimento, sem palavras e ao mesmo tempo… Desde que eu fiz o mestrado, não entendo teatro sem musicalidade. Teatro e musicalidade são imbricados. A questão do sentido que o compositor sugere, que o poeta sugere, por meio da letra, pra mim é o que há de mais forte. As letras que Adriano fez não são… São letras que levam a gente, me levaram facilmente [risos], mas nem sempre tem palavras óbvias, é isso que eu quero dizer. Eu enfrentei algumas dificuldades de achar que eu tava entendendo uma coisa e tava entendendo outra [risos] - mas isso é legal também, é bom. É uma canção estruturada, que tem uma história, um clima, uma atmosfera, ela sugere algo e ela tem uma estrutura musical bem colocada, né. Eu me sinto e acho que algumas pessoas também sentem seguras, não fica com aquela suspensão de "o que vai acontecer com essa música agora?". Eu gosto do que a canção traz pra gente, do afeto, do que remete a gente, memórias… É como se as canções, para cada pessoa, [abrissem] um portal diferente.


O que me chama atenção é que todas as canções tratam de amor. Por que abordar esse assunto?

Adriano: [pausa] Eu mudei radicalmente, antigamente, por exemplo, eu tinha uma coisa mais tropicalista, tinha aquelas referências do Caetano… Eu lembro de um dia, que o meu compadre, padrinho da minha filha, falou pra mim: "eu acho você o compositor mais parecido com o Caetano que existe no mundo" e isso a gente bêbado. Olhei bem pra ele e disse, bem Caetano: "se eu não achasse, não seria" [risos]. Eu gostava do jogo de palavras diferentes, eu gostava das coisas mais rebuscadas - por exemplo, eu fiz uma música sobre o cinema, eu amo o cinema, os clássicos que eu já vi e a música se chama "Oscar", a letra da música [Adriano canta a letra, mas a letra sofre um corte depois da gravação da conversa], então, ele tem uma linguagem, até diria cacofônica que eu acho legal, eu gosto muito disso no Caetano, é uma referência pra mim. Eu me prendi por muito tempo a esse tipo de mpb que caiu, que não existe mais. Aí tem a coisa da Ana, ela começou a introduzir essa coisa, que eu até criticava, essas músicas… Eu gosto de gente que escreve de verdade em uma outra perspectiva, mais visceral, vamos dizer assim, mais crua. Essa música que fazem hoje em dia é mais voltada para o amor, para o romantismo… Na verdade, o que surgiu de inspiração foi isso, eu fiz primeiro a música, "Nosso Jardim", foi feita pra Ana e daí ela achou legal e falou "por que você não começa a fazer outras músicas assim? É isso que as pessoas querem ouvir" e eu falei: "então tá" e aí o disco surgiu.

Kaise: Eu quero acrescer uma coisa sobre isso que é o seguinte: a gente não vive só tempos duros, [passamos por] uma retomada de coisas de quarenta anos atrás, uma defesa de coisas que não cabem mais no nosso tempo e ficam tentando colocar isso de uma forma, como se fossemos as mesmas pessoas, mas não somos as mesmas pessoas. Somos outras gerações, precisamos ter perspectiva de futuro e ter presente pra viver, né? As relações estão muito fragilizadas, então, falar de amor, eu acho que é uma oportunidade de ressaltar o que a gente precisa e de uma maneira simples, sem que ninguém se coloque acima de ninguém. Se você olhar bem as letras, são coisas relacionadas ao cotidiano, aos encontros… Mesmo que o encontro foi rápido, uma perspectiva de encontro de "fica aqui comigo", sabe? Acho que a gente tá propício a tratar desse tema. Vamos valorizar o encontro, a possibilidade do encontro. E o amor no sentido amplo, um amor que se desdobra, da amizade que é um amor diferente, das parcerias… A gente consegue fazer juntos, sem competir.

Adriano: Eu sinto dois momentos que me fizeram de mudar de perspectiva, de abandonar o meu antigo caminho musical, de escrita: antes, eu sempre fui muito fã do Chico e gostava daquele Chico do lado b, aquela coisa mais sofrida e o momento de ruptura veio com o nascimento da minha filha - foram duas coisas que eu fiz de imediato: no dia que ela nasceu, eu parei de fumar, e saí dessa coisa… Eu comecei a ouvir outro tipo de música, comecei a pesquisar músicas mais doces, todo dia eu ouvia "Canto de Um Povo de Um Lugar" [Adriano canta a primeira estrofe da música do Caetano] e aí eu comecei a ir para esse lado. Então, na verdade, eu já vinha mudando por causa dela. Acho que as mulheres têm esse papel na minha vida. Eu tô bem com isso, não tô sentindo falta. Tenho a gratidão pela a vida.

Pegando esse gancho, eu pergunto pra vocês: como manter o amor em dias tão difíceis?

Adriano: [começa a cantar] "O universo paralelo" [risos]. O amor faz parte.

Kaise: Eu acho que é valorizar as coisas simples e exercitar o contentamento mais do que o descontentamento que tá difícil pra caramba. Se a gente puder simplificar, vai ser melhor, mesmo que seja difícil, que a gente possa compaixão com outros humanos, que possa equilibrar essa relação do amor com o outro e o autoamor, que a gente tenha o amor ao lado da saúde, sabe? Juntinho.

Adriano: Acho que passa pela aceitação, né.

Kaise: O importante, eu acho, é que a gente tenha força de vontade, sabe? Que a gente queira melhorar, que a gente aceite amar e ser amado, acho que é uma coisa que ainda é viável.


O nome do álbum é "Leve". O nome foi pensado para trazer esse amor leve e necessário?

Kaise: Então… Passa por isso, não deixa de ser. Engraçado, quando a gente coloca coisa no mundo, outras interpretações surgem [risos].

Qual era a ideia inicial?

Adriano: Começa com a música "Leve", acho que foi a segunda música que nós fizemos… Que a gente gravou foi a primeira… A música se chamava "Leve", o nome tem tudo a ver com a letra. Só que depois que a gente fez o disco, fechou o repertório, a gente constatou que era um disco leve [risos]. Nós tínhamos, coincidentemente, uma música com esse título - por que não colocar no título? Juntamos o útil ao agradável.

Kaise: E o resto é questão de interpretação, tá sempre aberto a interpretações.


"Leve" passa por diversos gêneros musicais. Como foi para vocês, juntar esses gêneros musicais em um álbum tão leve?

Adriano: Isso foi uma coisa que o Diego [assessor] falou: "Adriano, o disco tá do caralho, mas é difícil vender um disco desse" [risos]. É um disco com muitas referências.


A música "Só Com Você" diz: "Não quero acordar, só quando você entrar", o que diz muito sobre o álbum, pelo menos na minha interpretação. Sinto que vocês só vão acordar quando a música de vocês entrarem, tocarem o ouvinte. O que vocês querem despertar no ouvinte, além dessa leveza e a necessidade de amar e ser amado?

Adriano: E você acha pouco? [risos]

Pra mim não é pouco, mas pensando no mundo que está tão caótico, talvez amor não seja o suficiente ou é tão difícil…

Adriano: Pra mim basta que a pessoa ouça… E em algum momento, o disco provoca um sorriso coletivo ou isolado. Do fundo do meu coração, o que eu quero é isso. Leveza mesmo.

Kaise: Eu concordo com o Adriano, o que eu gostaria é que a música tocasse as pessoas. Agora, me tocou o fato de você ter, o seu ouvido, Michele, sentido a necessidade de parar para ouvir. Isso me toca muito, porque é uma das funções da música, da poesia e da melodia é isso, a pessoa se conectar com a música e essa conexão acontecer no momento simples, do cotidiano. Para além de qualquer bandeira, se a música te tocou é uma grande coisa pra mim.


O que me chama atenção também nas canções de vocês é que elas trazem imagens, seja do passado ou de um futuro. Vocês também pensaram em despertar isso ou é outra coincidência?

Adriano: Olha, não pensamos em nada. Até que a gente tá penando para os próximos videoclipes.

Kaise: Acho que não. Acho que é uma coisa… Isso faz parte, essa coisa de criar um clima, de criar imagens sempre me chamou atenção, mas acho que isso é uma característica da composição do Adriano.


A canção "O Melhor de Mim" encerra o disco do Duna Duo. O amor poderia ter acabado ali, quando a última nota se encerra, mas o sentimento segue, dessa vez firme, pronto para ser compartilhado com outras pessoas. No fim, Adriano e Kaise ficam dentro da gente, junto com as imagens que criaram.


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