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Foto do escritorMichele Costa

All Of Us Strangers

O terror vai além de almas perdidas e assassinatos sangrentos, ou seja, ele também está presente nos fantasmas do passado que não conseguimos esquecer. Nesse sentido, ficamos presos em um tempo em que não nos pertence mais e, consequentemente, não seguimos adiante. É a partir dessa vertente, que o filme All Of Us Strangers, escrito e dirigido por Andrew Haigh, narra os dias de Adam, um escritor solitário. 


Adaptação livre do romance Strangers de Taichi Yamada, All Of Us Strangers altera alguns pontos do romance: o roteiro ignora o viés sobrenatural e foca no abismo geracional entre os pais e o filho homossexual. As diferenças são acertadas em cheio, já que a trama atrai todos os perfis, independentemente da orientação sexual. 


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Estrelado por Andrew Scott, Paul Mescal, Claire Foy e Jamie Bell, a trama aborda a vida solitária de Adam, que vive em um arranha-céu deserto em Londres. É curioso o local em que o protagonista mora, já que a capital da Inglaterra é barulhenta e possui novas oportunidades para todos os dias. Mesmo com a efervescência, o escritor segue introvertido em seu apartamento com as suas dores. Logo no início é possível perceber que a sua própria existência é um fardo para ele (o terror começa neste momento). No entanto, a perspectiva muda quando Harry, seu vizinho, aparece em sua porta. 


Com uma garrafa de bebida na mão e visivelmente alterado, Harry flerta com Adam após o alarme de incêndio tocar. Após um encontro confuso, os dois se encontram constantemente e, assim, um romance se inicia. Dessa maneira, as dores de Adam diminuem, mas ele continua visitando o passado para seguir com a sua permanência neste mundo.


all of us strangers
(Créditos: Reprodução/Divulgação)

Ao pegar o trem e retornar ao seu passado, Adam está voltando para os pais que morreram em um trágico acidente de carro quando ele tinha 12 anos. Ele continua os vendo, por isso, começa a enfrentar suas questões com eles para superar os traumas e, assim, viver o presente e poder se relacionar com outras pessoas. All Of Us Strangers discute a psique traumatizada do protagonista, um homem que sofreu preconceitos - dentro e fora de casa - e que cresceu em uma época em que as pessoas LGBTs viviam com medo da AIDS. 


Percebemos que Adam continua se sentindo um estranho ao lado dos pais e em sua casa. Desse modo, começamos a nos perguntar quando nos tornamos estranhos sob os olhares daqueles que nos amam. Em algum momento conseguimos ir contra as pessoas que não nos dão liberdade? É possível ser apenas uma pessoa? 


Com um orçamento modesto, All Of Us Strangers é grandioso: Andrew Haigh conseguiu desenvolver um dos melhores filmes deste ano. 



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