O que você sente quando assiste um filme? A sétima arte tem o poder de nos transportar para universos imaginários, nos fazendo sentir medo, ansiedade, alegria e tristeza. Ela também consegue deixar marcas nos espectadores para sempre. Aliás, esses efeitos (que só a arte proporciona) estão em Cinemúsicas, Vol. 1, projeto de Marcelo Segreto que propõe um diálogo entre a canção popular e o cinema.
Em 2021, Marcelo lançou os primeiros singles, apresentando a ideia. No ano seguinte, Cine Compacto, Vol.1 chegou às plataformas de música com duas canções: "Deus e o Diabo na Terra do Sol" e "Bacurau". Agora, com arranjos escritos para quarteto de cordas e violão, Cinemúsicas, Vol. 1 é composto por canções inspiradas nos filmes Cidadão Kane (Orson Welles, 1941), Lost in Translation (Sofia Coppola, 2004), Me Chame Pelo Seu Nome (Luca Guadagnino, 2017) e Dançando no Escuro (Lars von Trier, 2000).
Em todos os seus trabalhos - solo, parcerias ou com a Filarmônica de Pasárgada -, Segreto brinca com a sonoridade e as imagens que dialogam com as letras. Inclusive, o EP não tem relação explícita com os filmes, ou seja, é possível ouvi-las sem ter assistido o filme, são dois paralelos que não estão ligados, apenas correlacionados.
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Com produção de Marcus Preto e Tó Brandileone, Cinemúsicas, Vol. 1 é um EP que homenageia as principais referências do artista. "Rosebud", inspirado no filme de Orson Welles, abre o disco fazendo uma reflexão sobre o amor e a passagem do tempo. A canção também faz referência ao conto "Nenhum, Nenhuma" de Guimarães Rosa, presente no livro Primeiras Estórias (1962).
Acompanhado de Tatiana Parra, Marcelo retrata o acontecimento de um encontro amoroso intenso e o iminente desencontro em "Lost in Translation", repetindo a narrativa do filme de Sofia Coppola. A ideia se repete em "Me Chame Pelo Seu Nome". Já em "Uma Vista da Baía de Guanabara", Paulo Miklos se junta com Segreto para cantar sobre o amor e o filme perdido de Afonso Segreto, tio-tataravô do artista. Em 19 de junho de 1898, ele filmou cenas da Baía de Guanabara ao chegar ao Rio de Janeiro, iniciando a cinematografia brasileira.
Por fim, "Dançando no Escuro" explora o universo da imaginação e do sonho, além de abordar a fragilidade da existência. Existem alguns elementos da obra de Lars von Trier, mas não é tão intensa quanto o filme.
Cinemúsicas, Vol. 1 reforça a teoria que a música não é apenas o complemento das imagens que surgem na tela, elas intensificam a mensagem que está sendo passada, envolvendo o telespectador no primeiro momento.
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