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Foto do escritorMichele Costa

Fernanda Young, Foge-me ao Controle

Quando eu era criança, duas mulheres me fascinavam e assustavam: Elke Maravilha e Fernanda Young. Elas eram despojadas, intensas e inteligentes, tudo que gostaria de ser quando crescesse. No entanto, um adulto (seria algum familiar?) disse para eu não me inspirar nelas, pois não prestavam. É compreensível a afirmação: mulheres fortes assustam. Como já disse Young: "A cafonice não tem vergonha na cara". 


Me lembro das diversas facetas de Fernanda: escritora, roteirista, apresentadora e atriz. Pra mim, ainda na infância, ela era uma camaleoa: as mudanças de cabelo influenciavam o seu comportamento. Explico melhor: no programa Saia Justa, ela oscilava entre a calmaria e indignação, em Irritando Fernanda Young, a artista misturava ficção e realidade, diferente da série Edifício Paraíso, onde interpreta uma corretora de imóveis que fica histérica ao saber que o amante se separou da mulher. Ao saber que podia ser tudo - sem se importar com a opinião alheia -, Fernanda viveu intensamente. 


Essas singularidades são apresentadas em Fernanda Young, Foge-me ao Controle, dirigido por Susanna Lira. O filme, que integrou o festival É Tudo Verdade 2024, resgata a memória e o fluxo de pensamento único da escritora. Com vídeos caseiros, trechos de livros, poemas, imagens, colagens e trechos do cinema mudo, a obra propõe ao espectador uma viagem poética pelo pensamento de Fernanda para resgatar a voz da escritora que faleceu precocemente em 2019. 


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fernanda young foge-me ao controle
(Créditos: Divulgação)

Em seu Instagram, Fernanda postava diversas fotos. Através das imagens, ela compartilhava como via o mundo, dando continuidade a literatura que carregava dentro de si. Mesmo com uma mente inquieta, fazendo mil coisas ao mesmo tempo, este era o melhor rótulo que a denomina: escritora. “Eu soube que era escritora muito cedo, antes mesmo de ser alfabetizada”, explica em entrevista para Marília Gabriela. 


A montagem de Ítalo Rocha compreende o processo criativo da escritora que criou uma linguagem própria, através do corpo feminino, para se relacionar com o mundo. Suas tatuagens e lábios vermelhos dialogam com a feminista punk e mãe apaixonada, ora consciente e insana. "A coragem não exclui o medo", disse. 


Fernanda era muito mais do que se via nos palcos, programas e internet: era uma mulher emotiva, que amava os filhos incondicionalmente, respirava livros, curiosa e que lutava contra o patriarcado com sua arte e voz. Dessa maneira, Fernanda Young, Foge-me ao Controle reflete sobre a criatividade, a coragem artística e a maternidade, eternizando uma mulher que revolucionou o país. 


Fernanda Young, Foge-me ao Controle estreia nos cinemas no dia 29 de agosto.



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