No centenário de Gilberto Mendes, o Sesc Santos recebe a exposição "Gilberto Mendes - 100", com curadoria de Lorenzo Mammi e consultoria de Lívio Tragtenberg. A mostra contempla a memória do compositor erudito brasileiro mais conhecido e influente da segunda metade do século XX. A mostra tem início no dia 4 de novembro e vai até o dia 30 de abril de 2023.
Dividida em "ilhas", a exposição busca mostrar as execuções musicais em sua integridade, sempre que possível evidenciando a relação das peças com as respectivas notações ou instruções, muitas delas de grande beleza gráfica, e relacionando-as ao contexto em que as obras foram produzidas pelo compositor.
A primeira "ilha" mostra Santos Football Music (1969), uma de suas composições experimentais mais complexas e ambiciosas, feita para grande orquestra, com fitas magnéticas e participação do público. É construída a partir da estrutura de uma partida de futebol. As partes instrumentais são bastante complexas e demandam uma notação específica.
O segundo núcleo traz sua relação com a cidade de Santos. Mendes passou praticamente a vida inteira na cidade e fez várias referências a ela e seu entorno em suas composições. A terceira “ilha” enfoca as composições experimentais da década de 1960, o uso de grafismos musicais e o diálogo com a poesia concreta. Na esteira do movimento internacional conhecido como Nova Música, Gilberto foi um dos pioneiros na América Latina.
No quarto núcleo, o visitante conhece sua relação com o teatro, antes como compositor de música de cena, depois como criador daquilo que ele próprio gostava de definir como Música-Teatro, em que uma ação teatral é planejada como se fosse uma peça musical. As décadas de 1950 e 1960 foram de intensa atividade teatral em Santos, principalmente por conta dos movimentos do Teatro Amador e o Teatro dos Estudantes, que contaram com o apoio de intelectuais como Pagu, Paschoal Carlos Magno e Miroel Silveira. Gilberto Mendes compôs várias músicas para o teatro nesse período - especialmente para as encenações de Plínio Marcos.
A última ilha trata sua relação com a música de cinema a partir de uma das composições mais importantes da sua última fase: "Ulysses em Copacabana surfando com James Joyce e Dorothy Lamour" (1988). Encomendada pelo Festival de Patras, na Grécia, a peça começa com a citação de um hino a Apolo, que remonta à Grécia antiga, executado pelo clarinete, de maneira a lembrar o estilo do primeiro Stravinsky, e procede por associações de ideias até desembocar num foxtrot nos moldes das orquestras de salão e dos conjuntos dos cafés ao ar livre, típicos das cidades mediterrâneas. Tudo é construído a partir da colagem de frases repetidas, mas constantemente ampliadas ou modificadas, segundo o uso bastante peculiar que o compositor fazia dos procedimentos minimalistas.
Gilberto Mendes - 100 Local: Sesc Santos - Rua Conselheiro Ribas, 136 - Aparecida, Santos - SP Abertura: 3 de novembro de 2022 Horário de visitação: terça a sexta, das 10h às 21h30 | sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h30 Visitas agendadas para grupos: agendamento.santos@sescsp.org.br
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