Após um tempo parado, o baiano Paulinho Boca de Cantor ressurge com novo álbum com músicas inéditas e participações de Anelis Assumpção e Tim Bernardes. "Além da Boca" (Deck, 2021) traz a essência de Paulinho que conhecemos nos Novos Baianos, ou seja, alegre, divertido, cheio de amor e energia, com uma pitada (que só melhora!) da nova geração. Inclusive, foram os jovens que inspiraram Paulinho de volta aos estúdios.
Ele mesmo conta como surgiu a ideia: "Quando retomei os shows com os Novos Baianos vi a juventude chegar lotando as apresentações. Eu sempre gostei de andar com jovens e aí chamei meu filho, o músico Betão Aguiar, para produzir o disco e convidei artistas dessa e de outras gerações para participarem".
Em quarenta e seis minutos e trinta e oito segundos, Paulinho entrega 11 músicas com letras divertidas, propõe breves reflexões (“lembra do tempo que nunca passou / só o amor resolve / continuamos acreditando no amanhã que vai chegar”) em "Eu Vou Deixar Essa Canção No Ar" e "Ligeiro Demais" o lado de outros artistas e coloca, rapidamente, como só ele faz, o ouvinte dançar. O tempo nunca passou para Paulinho: ele continua o jovem entusiasta com a vida e otimista de 1969.
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"Eu Vou Deixar Essa Canção No Ar" abre o disco. Paulinho canta e, então, em um sopro, a voz de Anelis surge recitando um poema, enquanto o acordeom de Marcelo Jeneci toca um ritmo nordestino. A canção se desdobra: xote, reggae e o bolero transformam a canção em uma das mais belas do disco. Já em "Essa Patricia", terceira canção do álbum, composição que fez ao lado do amigo Luiz Galvão, o cantor traz a salsa e o ritmo vai além - também está presente no refrão com "Paty pra lá, Paty pra lá, Paty pra cá".
"Ah, Eugênio" é a música mais divertida. A canção foi escrita por Paulinho Boca de Cantor, Zeca Baleiro e Zélia Duncan e conta as gracinhas que Eugênio faz no Facebook. Zeca e Boca a interpretam de um jeito único - e no final, mandam um abraço para dona Julia e seu Moraes.
Os instrumentos variam, assim como os estilos musicais. Paulinho Boca de Cantor não tem medo de ousar, de aprender, compartilhar seus conhecimentos com novas gerações. Não é preciso ir longe com o disco - ao lado dos convidados, Paulinho vai muito além da boca: cantando ou tocando, Boca de Cantor coloca todo mundo para dançar e traz de volta a felicidade que precisávamos.
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