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Foto do escritorMichele Costa

Impressões: Ponto Final



O ponto final é utilizado para finalizar uma frase, seja ela falada ou escrita. Ao utilizar esse símbolo, encerramos uma oração, um pensamento ou um ciclo. No entanto, o ponto final ganhou uma nova utilidade para a Remobília: o recomeço. André Gonzales, Esdras Nogueiras, Beto Mejia, Fernando Jatobá e Gustavo Dreher se reencontram - após o fim do Móveis Coloniais de Acaju -, para reforçarem a união, retornarem a parceria e, claro, compartilharem novas músicas com o público.


Anunciado em março de 2020, Remobília segue os elementos da antiga banda, mas conta com uma sonoridade nova, com referências da música eletrônica, vaporware e uma nova energia. Em "Ponto Final" (2022), primeiro álbum do grupo, o ouvinte conhece novas facetas dos integrantes que estão amadurecidos, mas que seguem com o propósito de fazer seus fãs dançarem.


O álbum traz a sequência dos singles "Nós", "Sol no Rosto" e "Jogo". Com participações de Moreno Veloso, Frank Jorge e Kimani, "Ponto Final" traz a trajetória, sentimentos e a doçura de Gonzales, Nogueiras, Mejia, Jatobá e Dreher que continuam de peito aberto para o mundo.



Misturando o reggae e a música eletrônica, "Lâmina de Faca", música que abre o disco, reforça a esperança após anos de isolamento social ("Tempo / É humano e é divino / Entidade do infinito / É resposta, é perdão, alento"). "Nosso Nome é Agora" dá a letra: o neoliberalismo não é toda essa fartura - o agora, o presente, deve ser vivido com qualidade de vida. Ao lado de Layla Jorge, "Feito Nuvem" busca uma forma de viver com amor e toda forma de ser. O vocal de "Novo Delírio" ganha força com Moreno Veloso, deixando o encontro melhor (como diz a música).


"Às Vezes" relembra a essência e os dias de Móveis, deixando a canção nostálgica. O reggae retorna em "Dia Bonito" para contar a história da banda que mesmo longe sempre estiveram perto, existindo ("Sigo longe mesmo aqui / Me dou conta, somos um / Natureza, eu e o mar / Amizade e um farol / Humildade pra enfrentar / O que está ao meu redor"). O saxofone ganha destaque em "Ponto Final", canção que conta com a participação de Kimani, para refletir sobre os ciclos (que finalizam, pausam e/ou recomeçam) da vida. A dançante "Viver de Outro Modo" traz um novo gás, renovando o ouvinte para continuar dançando. Moreno retorna em "Janeiro" para finalizar o álbum. A canção diminui o ritmo, imitando o cotidiano: após um longo dia, chega a calmaria.


O ponto final nunca existiu, acabou se tornando uma reticências - após uma pausa, o grupo retorna trazendo novas emoções e suas mudanças em um disco que sopra vida.

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