A nossa história começa antes do nosso nascimento: é a partir dos antepassados que iniciamos a trajetória. Para se conhecer por completo é ideal saber os passos dos avós e pais, pois, assim, é possível compreender nossas ações e o que seremos no futuro. Foi a partir dessa necessidade que Lucas Higashi revisitou a trajetória dos avós para entender as ações de seus familiares e quem ele é.
Após retratar os anos perdidos de sua juventude em decorrência da pandemia da covid e a vida adulta, Lucas Higashi volta para suas raízes para se conectar e celebrar sua ancestralidade. Dessa maneira, surgiu o EP Epílogos do Entardecer que fecha a trilogia que começou em 2021. Nele, o artista traz elementos do Japão, país que nasceu, e entrevistas com pessoas que estão em sua vida há anos, antes mesmo do seu nascimento.
As repetições - assunto constante nas obras de Freud - continuarão, mas é necessário encontrar uma maneira para relembrar que não somos como nossos pais. Seguimos o caminho do cantor e compositor.
Leia também:
O que te levou para o ramo musical, além da pandemia?
Sempre esteve em minha vida, de um jeitinho ou de outro, mas eu nunca levei muito a sério. Era tipo "eu queria ser artista", mas era uma coisa que ficava lá no canto. Eu canto desde criança, eu participava de concurso de canto de música japonesa, então, pra mim, cantar e música era uma coisa meio… Eu tinha uma relação meio chato, porque… Eu não queria música… Eu gosto de música, mas… Era uma coisa mais ou menos assim. Aí, quando eu era adolescente, falei "queria ser artista, queria ser cantor", aí deixei esse sonho meio incubado, deixei meio engavetado, aí despertou quando eu entrei na faculdade, que já vou me graduar já; e pandemia também foi meio que me deu… Parecia o fim do mundo, então, era melhor tentar agora.
A pandemia foi o estopim para iniciar muitas coisas. Você acha que se não tivesse acontecido uma pandemia, você não lançaria nada?
Eu acho que ia lançar sim. Eu tinha um planejamento, eu sou uma pessoa que gosta de se planejar a longo prazo, e eu lembro que meus planos antes da pandemia era viver a experiência universitária, juntar histórias, conhecer algum amigo produtor e começar a fazer música… Com a pandemia, acho que ela só seu deu de outra forma. Já tinha esse desejo antes, mas acho que a pandemia foi um catalisador para eu fazer as minhas coisas, de eu ir atrás de muita coisa que acho que eu não teria ido antes.
E você conseguiu ir atrás das coisas que você estipulou para você mesmo?
Não tudo. Eu queria muito, pelo menos, saber produzir música. Acho que não é uma coisa que te ensinam na escola, na aula de música, você aprende a tocar violão ou piano, mas não te ensinam a fazer uma música, estruturar ela, é uma coisa específica e difícil de achar no interior isso. Então, essa foi a coisa que eu coloquei pra mim como a mais importante. Pelo menos isso eu consegui [risos].
O sentido de música foi alterado para você em decorrência da pandemia? Ele segue o mesmo significado pós-pandemia?
Sim… É que é assim: antes eu tinha uma bagagem de música muito limitada, eu ouvia três artistas e era só aquilo, daí com a pandemia - e graças ao TikTok - conheci artistas incríveis e muita música diferente - abriu meu gosto para músicas que antes eu não ouviria e hoje tenho até vontade de fazer. Então, nesse sentido, eu acho que a pandemia, junto com essa questão, mudou a minha percepção de música… Acho que o fazer música também foi algo diferente, no sentido de que eu também fazia, porque antes eu só consumia e durante a pandemia foi um processo que eu comecei a dizer, a falar e criar com essa linguagem. Então, nesse sentido, eu acho que mudei o meu olhar depois desse processo.
Você começou a escrever durante a pandemia ou já escrevia alguma coisa antes?
Eu tinha uma ou duas músicas, mas eram muito fraquinhas. Eu só tinha uma música que eu realmente achava boa e, hoje em dia, quando eu olho pra trás, eu falo "não, não é não" [risos], mas na época, pra mim, já era muito. Eu realmente comecei a pegar o caderninho e a escrever coisas durante a pandemia mesmo.
Como foi esse processo de observar, sentir e escrever durante o isolamento social, momento em que estávamos com as sensações à flor da pele?
Eu lembro que eu tinha uns sonhos que… Não era nem narrativamente uma coisa muito marcante, mas eu lembro de sentir as coisas muito intensamente… Lembro que as primeiras músicas que comecei a escrever, eu falava muito de sonho porque eu não vivia nada de novo, né. Acho que o meu cérebro ficava me alimentando com as coisas que eu já tinha e acho que no começo foi muito dessa intensidade nos sonhos. A pandemia foi um lugar que já me deixou em um lugar de muita reflexão. Na época da pandemia, eu ajudava o meu pai em um sítio, meu pai tem uma granja de produção de ovo de codorna, então, como eu não tava trabalhando e nem estudando, eu ajudava meu pai na parte da manhã e ouvia músicas e pensava na vida. Então foi um processo meio esquisito - tudo era muito esquisito. Eu não vejo com tanta dor, hoje em dia, eu vejo como um processo de cura com muita coisa que eu tinha guardado, engavetado e não queria olhar pra trás; mas era uma coisa meio esquisita porque eu vi aqueles sentimentos, aquelas coisas que eu tava lidando, e eu falava "tá, o que eu faço com isso?" porque não tinha muito o que fazer, além de saber que ela existia. Então, acho que escrever as músicas foi importante para eu deixar essas reflexões e ver o que eu tinha descoberto a partir dessa minha reflexão em algum lugar, porque eu sentia que "beleza, eu sei disso, mas o que faço com isso agora?" Pelo menos eu tinha música para direcionar essas coisas.
Você acha que a pandemia também impactou - não sei se impactar é a palavra certa -, mas te transformou, em um compositor mais maduro que conseguiu analisar outras questões?
Eu acho que sim, mas é mais no sentido de que eu… Eu acho que como eu passei por um processo, de uma certa forma de amadurecimento e de reflexão interna, acho que isso se mostrou na minha música, uma coisa natural. Mas eu não acho que as minhas músicas são tão maduras e me tornou um compositor melhor, eu acho… É que eu comecei durante a pandemia, né? Então, eu tava testando muita coisa e pra mim era muito um lugar de "eu posso brincar com tudo, posso criar o meu mundinho". Eu acho que de certa forma eu não queria criar uma coisa tão perfeita, acho que eu queria mais experimentar e criar algo que fosse genuíno pra mim.
Me chama atenção que você é jovem e você passou a pandemia durante esse momento e são anos que não voltam mais. Em Versículos da Madrugada, você narra os altos e baixos de uma juventude atrasada. A gente pode compreender que esse projeto é autobiográfico?
Sim. Eu tenho um carinho muito grande por Versículos da Madrugada. Acho que em Capítulos da Alvorada [EP lançado em 2021] eu quis aprender a fazer música e aprender a fazer um projeto musical, um projeto como um todo mais estruturado. Acho que muito o que fiz em Capítulos eu ainda tava testando muita coisa; com Versículos eu queria… "Tá, eu já sei algumas técnicas, eu quero colocar eu mesmo" - não completamente, porque é importante usar um pouco da ficção para realçar o real, sabe? E com certeza, Versículos é uma resposta ao meu período da pandemia: tudo que eu acumulei de desejo e querer viver, eu respondo em Versículos porque… Por isso que eu acho que ele é caótico em algumas horas porque eu queria muita coisa, eu tava com uma sede, uma gana e ela era muito exagerada. Eu lembro que nessa época, em 2022, eu tava com a cabeça nas nuvens e acho que foi por isso que foi um processo meio esquisito de pós-pandemia.
O que significa uma juventude atrasada para você?
Tem muitas coisas, né? Eu lembro que refleti muito na pandemia. Eu fui ter o meu primeiro beijo aos 19 anos, no início de 2022, e antes disso eu nunca tive paixõezinhas mútuas e eu sempre via os meus amigos vivendo a vida adolescente e eu falava "cara, queria muito isso", queria poder falar que fulano gosta de mim, mas eu gosto de fulano… Eu não tinha esses dramas adolescentes, sabe? Eu também me sentia atrasado em muitas outras coisas também. Eu nasci no Japão e morei lá até os meus sete anos, então, eu sinto que eu vim para o Brasil e reaprender todo um jeito de viver em sociedade e agora eu tenho uma cultura completamente diferente. Então, eu sinto que em diversos momentos eu fiquei atrasado e é um sentimento que ainda me acompanha, mas durante a pandemia, senti isso de uma maneira pulsante, de falar "eu quero um amor, mas eu não posso beijar porque eu vou morrer". É [sobre] essa adolescência tardia.
Além de cantor e compositor, você também é diretor, cineasta e designer. Você acha que os diversos meios de linguagens te ajudaram a desenvolver o seu próprio som?
Eu tô terminando o curso de Comunicação e Multimeios na Universidade Estadual de Maringá e nessa graduação, a gente aprende como juntar os diversos meio de comunicação pra deixar uma coisa maior do que ela é; ver a qualidade de som, do visual, da textura, do papel… Enfim, pegar isso e saber como usar isso. Eu apliquei o que eu aprendi nessa minha graduação para os meus projetos pessoais, é o jeito que eu funciono hoje em dia. Eu lembro que quando eu tava fazendo Versículos da Madrugada foi uma época em que eu tava fazendo muita curta-metragem pra faculdade e eu falei "eu quero muito que tenha uma narrativa, quero que seja uma coisa quase cinematográfica". Pra mim é uma linguagem essencial no meu trabalho, eu não consigo fazer um projeto musical sem ter noção de como eu quero criar. Eu não consigo imaginar outro jeito de trabalho, é esquisito de falar isso… E outra: artista independente tem que se virar, eu até queria deixar outras pessoas mexerem, mas os recursos limitam. A maioria dos EPs, acho que os três EPs que eu fiz, eu tirei as fotos antes de fazer as músicas, porque eu queria que sonoramente a música traduzisse o visual, porque, antes de tudo, a gente sempre vê a capa do álbum antes de ouvir as músicas.
E como é feito esse processo? Você pensa em um determinado tema para depois tirar uma foto, pesquisar e criar? Ou não tem processo?
Então, com a trilogia dos meus EPs foi um processo que eu já tinha a fórmula, né. Eu sempre começava com uma ideia… É engraçado porque eu misturo o processo de designer gráfico com o meu processo criativo de fazer música - pra mim, eles são parecidos. Eu sempre pensava em uma tipologia, em uma paleta de cor e como essa cor era associada com determinado sentimento ou história que eu queria contar. Com Versículos eu sabia que seria azul porque o azul, pra mim, é uma cor lúdica mas remete a tristeza, remete a esse lugar introspectivo. O vermelho de Epílogos remete ao sangue, que tinha ver com familiaridade, remete às questões dos meus avós. Então, geralmente começa com um conceito, por exemplo: queria falar dos meus avós, mas também queria falar de ancestralidade e da minha identidade como resultado, aí partia disso para conectar [os dois assuntos]. Eu tô tentando desconstruir meu pensamento, mas não sei se é assim que funciona de verdade.
Existe muito de você nas letras das canções. Não é difícil trazer questões que envolvem a sua vida para o seu projeto? Cantá-las não é difícil?
Eu tinha esse debate comigo. Teve uma época que eu me perguntava se eu tava falando demais, porque coisa de artista é assim, o que eu tenho a oferecer de certa forma? Claro que eu posso criar histórias sobre determinadas coisas, escritores fazem isso, mas acho que sempre vem [músicas] a partir das nossas experiências como indivíduo, como pessoa. Pra mim, tipo, eu tinha medo, mas não era um medo tão grande, eu sentia que eu tinha mais a ganhar do que a perder, porque eu também não fazia música com o nome da pessoa, pelo menos nunca fiz… Os artistas que eu gostava mais eram aqueles que colocavam bastante deles, não por uma questão de "quero vender a minha vida para as pessoas", mais no sentido de "isso é importante dizer porque é o jeito que eu me expresso". Então, pra mim, era tipo isso. Claro que tem coisas difíceis de dizer abertamente, mas acho que é como um poema visceral, às vezes, a gente precisa falar, sabe? Pelo menos eu, como artista, não acho que eu não conseguiria dizer - claro que posso editar para não ficar demais -, mas é importante eu me expressar dessa forma.
Você traz suas raízes em suas canções. Além de compartilhar sua trajetória, você tá compartilhando sua história. O que te levou apresentar esse tema e como foi compartilhá-la?
Foi meio esquisito, porque eu tinha feito um documentário durante a graduação chamado Raízes e era justamente um documentário que eu entrevistava quatro pessoas, uma de cada etnia/ascendência aqui do Estado do Paraná. Uma tinha ascendência indígena, negra, japonesa e uma alemã - acho que foi aí que começou o meu despertar, essa minha vontade de entender um pouco como as raízes compunham a vida de uma pessoa hoje em dia. Como essas heranças culturais fazem com que essa pessoa veja o mundo e impacta na vida dela? Aí eu precisava de um tema para o meu TCC, então, eu uni o útil ao agradável. Eu já tinha falado sobre começar a ser adulto, sobre ser jovem e como não vou ser idoso por um bom tempo, como que eu posso falar dessa terceira temática se eu for usar esses conceitos que eu tenho? Aí lembrei dessa minha coisa com as raízes e eu falei "vou falar de como a história dos meus avós impactam o jeito que criaram os meus pais e que me impactaram no jeito que me criam". Eu também tinha ouvido a música "Without You Without Them”, do boygenius, que fala sobre esse tema. [Esse tema] Também vinha de um desejo pessoal em entender meus avós porque, por parte de pai, os dois já faleceram, e eu não sabia muito a história deles, sabia pouca coisa, mas eu não sabia a jornada deles; e a mesma coisa com os meus avós maternos, eles estão vivos, eu pude conversar com eles, porque não sabia o caminho das pedras que eles levaram… Eu me senti num lugar de historiador, de fazer entrevistas e escavar um pouco. Eu aprendi muitas coisas! Acho que muito do meu impulso de aventureiro, de querer coisas novas, de querer sair, buscar outros lugares, vem dos meus avós. Acho que é legal ver esse processo e ver algumas coisas refletindo em mim. Foi um processo bem de autoconhecimento.
No final das contas, continuamos como nossos pais?
[breve silêncio] Não sei… Não acho que eu sou os meus pais, mas acho que sempre vai existir… Eu realmente vejo como raízes, uma árvore não é apenas as raízes, mas muito do que ela é composta vem das raízes, é o que dá suporte, que tenha folhas e frutos. Tem outros fatores que são externos, né - tem o vento, a chuva, o sol… Eu não acho que a gente é uma réplica do que é passado pra gente, mas, com certeza, fica os resíduos e aprender a lidar com isso de maneira positiva ou negativa, de rejeitar ou curar alguma coisa… Acho importante a gente saber um pouco desse passado para encerrar ciclos.
Depois que você descobriu a sua história e de seus familiares, você consegue se enxergar onde estará no futuro?
Ainda não [risos]. Não vou mentir, agora, eu tô mais perdido do que nunca. Às vezes eu falo: "nossa, sei tanto, mas não sei nada ao mesmo tempo". Eu só sei que tem coisas que eu quero atingir, tenho algumas metas… Antes eu era uma pessoa que planejava tudo, hoje em dia não planejo mais nada. É uma coisa engraçada, porque eu achava que quanto mais a gente sabe das coisas, mais a gente vai ter certeza de algumas coisas - tô achando que é ao contrário: quanto mais eu sei, menos eu sei pra onde ir [risos]. Mas é interessante, é uma jornada de descoberta.
Em Epílogos do Entardecer, só tem uma música cantada, o restante é uma conversa com instrumentos. Como foi misturar os instrumentos com essas falas? Como foi criar uma narrativa para misturar duas linguagens tão diferentes?
Foi meio difícil a princípio porque eu falava que eu ia fazer uma base sonora instrumental de composição de acordes e, depois, coloco a entrevista por cima. Eu fiz isso e não tava ficando legal, não tava encaixando as coisas, não tava achando o brilho da música. Foi quando eu comecei a pegar o que eu queria da entrevista, achar o tom e traduzir essa sensação para uma base melódica. Então, pra mim, tanto "Carmim" quanto "Chafé" comecei com as entrevistas e depois eu encaixava isso com um arranjo, estruturava ela numa música, né. Eu via as falas… Eu não queria que a base instrumental fosse uma trilha sonora para a entrevista, não era isso. Eu queria tratar a música como um instrumento, isso era muito importante. Eu não queria que ela fosse um plano de fundo, queria que tudo isso tivesse como peças que valessem mesmo - e acho que isso ajudou muito a maneira de fazê-las.
"Chafé" me chamou muito atenção quando sua avó diz que foi visitar o neto, mas ficou. Como foi ouvir isso e como é compartilhar esse laço tão profundo com o público?
Eu queria falar sobre o meu nascimento porque, querendo ou não, ainda é um projeto meu… Não sei qual é analogia certa, mas é como pegar o fio pela ponta e ir puxando para desenrolar as coisas… Eu era a pontinha. Falar do meu nascimento fazia sentido pra chegar nas outras pessoas da minha família.
Já em "Batchan", única música com letra, você narra a ausência da avó paterna, que nunca conheceu, mas que a vê sempre em seu pai. Como é imaginar uma pessoa que você nunca conheceu no seu próprio pai?
Eu lembro que até falei com o meu orientador do TCC que eu tinha medo de fantasiar muito somente por histórias, por mais que sejam histórias reais, de experiências de pessoas que viveram com essas pessoas, querendo ou não, ainda é uma interpretação minha, o meu jeito de ver, de enxergar as coisas. Eu tentei manter os pés no chão o máximo possível. Eu lembro que a minha tia falou que a minha batchan andava com os pés arrastando, minha mãe falou que meu pai anda com os pés arrastando e ele sendo filho dela, uma coisa liga a outra. Tentei o máximo possível, de uma maneira racional, conectar os pontos e não extrapolar tanto. Eu quis jogar mais pra mim, no que eu sentia, porque fazia mais sentido do que eu tentar narrar a história dela porque eu achava muitas lacunas…
Em um momento você canta: "é saudade do que nunca teve". Você sente saudade de algo que nunca teve? Em algum momento, você já imaginou a sua vida com esses familiares que você não conheceu?
Já. É estranho porque a gente acaba acostumando com a ausência de algumas coisas. Eu lembro que na pandemia eu pensei "imagina se o meu ditchan ainda tivesse aqui"... Lembro que tinha uma época, vira e mexe eu compro flores na feira perto de casa, e quem vende é uma batchan, uma senhorinha japonesa, eu olhava pra ela e falava pra ela “eu queria que você fosse a minha batchan” - eu via nela essa figura que eu nunca conheci, acho que foi nesses momentos que aparecia essa saudade. Essa frase era muito recorrente na minha cabeça porque não era só nesses lugares familiares… Eu tinha saudade da vida que eu teria se não tivesse tido uma pandemia, era uma frase que conectava com muita coisa. Acho que ela tem uma carga muito mais potente do que apenas os familiares e quis usar ela justamente sobre esse peso em mim.
É possível se enxergar nas canções de Lucas Higashi, já que ele aborda a vida e a morte (da adolescência para a vida adulta, de não poder viver a juventude e não conviver com familiares que estão dentro dele), dois temas que estão presentes no ser humano.
Olhar as raízes pode ser doloroso, mas é bonito: lembramos que estamos vivos e que podemos desenvolver nossa própria trajetória.
Comments