Qual é o peso do mundo? Conseguimos nos livrar dos pecados e desejos quando alcançamos o céu? É possível encontrar a felicidade em um mundo cruel, que nos mata diariamente? Estamos nós, humanos, vivendo o mito de Sísifo? Essas são algumas das questões que surgem após assistir Mais Pesado é o Céu, filme de Petrus Cariry, lançado neste ano.
Inspirado no modelo road movie, o filme narra a trajetória de Antônio (Matheus Nachtergaele), Tereza (Ana Luiza Rios) e o sertão brasileiro. Assim como Vidas Secas (Nelson Pereira dos Santos, 1963), o sertão é antagonista em Mais Pesado é o Céu, já que o espaço passou por mudanças violentas e possui dor, fome e dúvidas. Dessa maneira, os protagonistas caminham pela estrada - relembrando o passado - em busca dos seus destinos.
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Após suas andanças, Tereza chega na área despovoada que um dia já foi um rio. Enquanto reflete, ouve o choro de um bebê. Após acolher o pequeno, é possível ver as dificuldades da mulher - seu olhar diz muito. Enquanto balança a criança no colo, Antônio entra em cena e a história de Mais Pesado é o Céu se inicia.
Enquanto caminham sob o sol quente do sertão, percebemos que as duas pessoas estão perdidas, buscando desesperadamente se encontrar para iniciar uma nova vida - com casa, comida, amor e sem desigualdade. É interessante acompanhar as tentativas de recomeço de Antônio e Tereza enquanto carregam um recém-nascido, isto é, um indivíduo que resiste às maldades e cheio de vida. Inclusive, ele é o elo entre o casal: além de unir os dois, os protagonistas enxergam uma nova chance. Assim, vestem uma armadura para continuar andando com passos longos e firmes.
Filmado em 2021, durante o ápice da pandemia de Covid-19, o desespero pela vida é visto desde o começo. Os atores não apenas encenavam, eles também estavam lutando pela vida, enquanto o governo fazia de tudo para que a população morresse. A partir disso, é possível se questionar: por que continuar em um mundo desigual e cheio de miséria? Logo encontramos a resposta: é fácil se manter em pé enquanto procuram aquilo que nem eles sabem. Sonhar e visualizar o desconhecido dá esperanças para continuar.
Não existe um final para Mais Pesado é o Céu, existem diversos caminhos para os protagonistas. O telespectador torce pela felicidade e bem-estar de Antônio e Tereza, mas a vida e o Brasil não são tão simples assim. Viver é perigoso. Ao resistir, os protagonistas não se permitem cair e nem se curvar para a violência, por isso, os gritos são tão altos e intensos - fazendo com que o telespectador veja a realidade na tela.
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