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Foto do escritorMichele Costa

Os 10 melhores livros lidos em 2020

Além de filmes, curtas, lives, novas músicas e eventos online, a literatura salvou o ano de diversas pessoas. Muitos que não liam há tempos, voltaram para o hobby por conta da pandemia. Os clássicos, por exemplo, saíram das estantes para ganhar espaço na imaginação do leitor. Além disso, as vendas do livro aumentaram! (e não esquecemos que Paulo Guedes, o projeto de economista, pretende taxar em 12% os livros.)


Segundo uma pesquisa feita pela Nielsen (empresa global de informação e medição), em parceria com o Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), as vendas de livros em livrarias, supermercados e lojas de autoatendimento aumentaram cerca de 6,4% neste ano.


Depois de separar os 10 melhores filmes assistidos em 2020, chegou a vez dos livros. A seguir, você confere o top 10 de leituras memoráveis.


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Trilogia do Adeus (João Anzanello Carrascosa, Alfaguara, 2017)

João Carrascoza não desaponta! Em "Trilogia do Adeus", o autor conta, através do tempo, de uma relação familiar fragmentada. No primeiro livro, "Caderno de Um Ausente", João acaba de ser pai e escreve, em uma longa carta, sua trajetória com a filha recém-nascida Beatriz, para que ela possa ler no futuro, quando ele não estiver mais aqui. Não é o primeiro filho que o pai tem, Mateus, seu primogênito, foi concebido no primeiro casamento (ele aparece pouco e afastado da família). O relato de João é bonito, doloroso, frustrado - uma mistura de sentimentos.

Já no segundo volume, "Menina Escrevendo com o Pai", Beatriz está crescida e responde ao relato do pai. Ao seu lado, ela conta seu crescimento, a primeira paixão, suas frustrações e a relação com o pai, que fica mais forte.

Por fim, o último livro, "A Pele da Terra", é contada por Mateus. Aqui, ele narra sua relação com o filho João, que recebeu o nome do avô, durante uma peregrinação por outro país. Mateus reflete sobre passado, inconsciente, presente e futuro. No fim, a trilogia conta como pequenas ações do cotidiano podem marcar para sempre o indivíduo.


O livro do Desassossego (Fernando Pessoa, Ciranda Cultura, 2018)

Confesso: não é uma boa opção durante o isolamento. O livro deve ser lido em um momento melhor, pois pode piorar os sentimentos. Escrito por Bernardo Soares, um dos heterônimos de Fernando Pessoa, o livro aborda a exposição de estados psíquicos, através das ações que são executadas. Reflexões e devaneios sobre paixão, moral, conhecimento, morte e tantos outros assuntos também estão na obra. Uma biografia sem o biografado para se conhecer e tentar encontrar o repouso mental que tanto procuramos.


Walden (Henry David Thoreau, L&PM Pocket, 2010)

Frustrado e desapontado com o crescente comercialismo e industrialismo da sociedade americana, Henry David Thoreau deixa sua cidade, Conrad, em Massachusetts, para morar à beira do Lago Walden. Recebendo o nome do próprio lago, Thoreau relata sua vivência que durou dois anos, dois meses e dois dias, longe da sociedade. É impossível não se emocionar ao ver o amor e admiração que Henry sentia pela natureza.


Morangos Mofados (Caio Fernando Abreu, Agir, 2005 )

Dividido em três partes: "o mofo", "os morangos" e os "morangos mofados", Caio Fernando Abreu fala sobre a existência humana e seus desafios. Nunca foi fácil viver, existir, certo?! Como disse o escritor José Castello: "Os contos de Caio falam, quase sempre, da instabilidade do ser. De sua precariedade. Quase nunca sabemos onde estamos, quase nunca sabemos quem somos, e viver assim, sem chão, é o pior dos infernos". Essa frase diz tudo sobre Morangos Mofados, um dos livros mais bonitos da literatura nacional.


Sentimento do Mundo (Carlos Drummond de Andrade, Folha de São Paulo, 2008)

Por mais que você tente correr de Drummond, ele é mais rápido: te encontra primeiro e te enrosca - então, as palavras ficam dentro de ti. Com tom melancólico, Sentimento do Mundo é a poesia que precisamos para seguir esse momento tão difícil.


Ensaio Sobre a Cegueira (José Saramago, Companhia das Letras, 1995)

Nunca pensei que um livro viraria realidade - ou tão perto da realidade. Uma terrível "treva branca" aparece no mundo, deixando cegos cada habitante de uma cidade. O que esperar de uma cidade cega? Como recuperar a lucidez, abandonada no momento em que a treva branca surge? Saramago nos faz lembrar que "a responsabilidade de ter olhos quando os outros os perderam".


Mutações (Liv Ullmann, Círculo do Livro, 1980)

Uma biografia não-biografia. Literatura com biografia. Liv Ullmann relembra sua infância, o descobrimento da arte, seus primeiros passos de atriz, amores e desamores. Busca o pai que faleceu ao contar sua história e conta sobre seus casamentos turbulentos. Liv também compartilha suas preocupações com a filha Linn e sobre o futuro. Para conferir as impressões do livro, clique aqui.


Pessoas Normais (Sally Rooney, Alfaguara, 2019)

Clichê ou não, Sally Rooney escreve muito bem sobre a transição da adolescência para a fase adulta. Não é difícil, cada dia um desafio, uma novidade. Adulto ou não, continuamos tentando/procurando/buscando o amor do outro. "Pessoas Normais" conta a história de amor entre duas pessoas que tentam ficar separadas, mas se gostam. "Pessoas Normais" conta, de um jeito ou de outro, consciente ou inconsciente, o trajeto que todo adolescente passa - com o primeiro amor, a primeira decepção, o primeiro porre e a busca de um significado.


Orlando (Virginia Woolf, Autêntica, 2015)

Para muitos, "Orlando" entra no gênero biografia. Para outros, literatura. Tanto faz, a verdade é que conhecemos uma outra face de Virginia Woolf: leve, engraçada e que brinca com as convenções da biografia tradicional. Inspirado em sua amante Vita Sackville-West, "Orlando" aborda as mudanças de um indivíduo ao passar dos séculos, de forma surreal e o humor ácido da autora. Além disso, Virginia relata, mais uma vez, as diferenças de gêneros.


Aqui de Dentro (Sam Shepard, Editora Vozes, 2017)

Mais uma vez, Sam Shepard entrega o melhor da literatura ao leitor. Roteirista de "Paris, Texas" (Wim Wenders, 1984), Aqui de Dentro segue, mais ou menos, a linha do filme: atordoante, complexo, ritmo do começo ao fim, teatral e sentimental. São 56 registros que vão se completando aos poucos (como é o caso de O Jogo da Amarelinha, de Julio Cortázar), mas sem um fim concreto.

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