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  • Foto do escritorMichele Costa

A espiral de Rebeca

Em “Foge de Casa”, canção que abre Espiral (Deck, 2024), Rebeca convida o ouvinte a abandonar tudo para passear pelo seu mundo. Logo nos primeiros segundos, nos sentimos abraçados pela melodia e palavras - em um piscar de olhos, estamos viajando com ela. 


Revelada no universo pop há dez anos, Rebeca se assume como uma compositora que expressa seus sentimentos após um mergulho criativo de escrita diária. As canções de Espiral surgiram na pandemia, por isso, são carregadas de melancolia - mas não é só isso: durante as dez músicas é possível conhecer a artista. Com produção musical de Rodrigo Martins, Espiral traz referências como Joni Mitchell, Phoebe Bridgers, Lana Del Rey e Adriana Calcanhotto. 


"O conceito das músicas evoluiu muito durante a produção, refletindo minha busca para entender quem sou e explorando meus relacionamentos, não apenas amorosos. Abordei minhas reações diante de frustrações, reconhecendo-as e recalculando a rota. Falo sobre medo, desejo, vulnerabilidade, desistência e o espaço para o novo. É uma fase de transição entre os meus 24 e 28 anos, vivendo em três cidades: Niterói, São Paulo e Rio", explica. 


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Você foi revelada no universo do pop como vocalista da banda Gragoatá. Quando você percebeu que era necessário ter uma carreira solo? 

Eu queria explorar uma sonoridade que não tinha muito espaço na Gragoatá, não por falta de espaço para eu me expressar mas porque realmente não fazia muito sentido, na época. Eu queria experimentar timbres eletrônicos, de synth pop, indie e eu imaginava a Gragoatá num lugar de banda com elementos mais orgânicos, onde eu me via apenas intérprete. Acho que precisei encontrar uma sonoridade dentro dos gêneros que eu ouvia bastante na época e um caminho natural foi seguir o solo. Quem viabilizou esse movimento, fazendo o link com o produtor Rodrigo Martins, foi inclusive Fanner Horta, integrante da Gragoatá.


Cinco anos separam Corar e Espiral. O que mudou de lá pra cá? 

Acho que amadureci minha escrita e minha forma de observar meus sentimentos. Artisticamente, acabei indo para um lado mais focado na canção para esse álbum. 


Durante a pandemia, você mergulhou dentro de si, desenvolvendo uma nova abordagem de criação. Como foi o processo durante o isolamento? Você conseguiu acabar com a timidez? 

Quando eu escrevia, era só pra mim. E quando eu escrevia em colaboração com alguém, era sempre uma amiga, alguém próximo. Foi uma forma mais confortável de ser vulnerável, enxergar por uma lente que não bloqueasse o processo criativo no meio do caminho. Durante o isolamento, fiz muitas sessões no Zoom com a Manny Moura e foi um processo tanto de conexão, amizade,  dentro da configuração do isolamento quanto à respeito das composições. A Manny sabe falar sobre sentimentos muito bem. 



Espiral foi gravada entre 2020 e 2024, entre Niterói, Rio, São Paulo, Boston e LA. Como foi fazer um disco que viajou por tantos lugares? 

O que eu levo comigo foi aprender a ter paciência pro tempo das coisas, para Espiral concluir todo seu percurso. O álbum só teve esse resultado porque foi fruto dessas experiências. As canções foram criadas conforme as vivências nesses lugares. 


Como foi trabalhar com Rodrigo Martins? 

Adoro trabalhar com o Rodrigo, ele é um produtor muito criativo e confio muito na visão dele sobre o caminho das músicas. Uma coisa que ajuda bastante é que a gente virou amigo durante a produção de Corar. Para um disco tão pessoal como Espiral, achei que fez muito sentido. 


Suas canções abordam a vida como ela é, ou seja, com medo, desejo e vulnerabilidade. Escrever sobre esses sentimentos te fez entender quem você é? 

Às vezes eu entendo o que eu tô sentindo depois de escrever uma música. Acho que todo processo criativo é terapêutico e ajuda a gente a entender melhor o que está acontecendo. A arte ajuda a gente a atravessar algumas experiências. 


Sua voz expressa os sentimentos que você descreve nas músicas. Como foi cantá-las e compartilhar com o mundo? 

Foi um alívio. É muito legal ver também como as pessoas se identificam com sentimentos que para mim são tão íntimos e específicos. O disco levou tempo. Entregá-lo pro mundo também simboliza um novo capítulo, onde eu meio que me permito ter olhos para novas criações. 


Em “Cada Amor”, Rebeca canta: “Eu só queria um lugar nos seus braços” - e ela consegue, aliás, vários braços a abraçam após um álbum que navega por diversas sensações.

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