2020 não foi um bom ano para o cinema. Com a pandemia, salas de cinema foram fechadas e muitas produções foram paralisadas. A indústria cinematográfica brasileiro precisou encontrar alternativas para continuar trabalhando. Seja seguindo os protocolos de saúde, filmando de casa ou com equipe reduzida, a arte continuou fazendo o que faz de melhor: salvando a solidão.
A partir das dificuldades que surgiram no ano passado, a 24° Mostra de Cinema de Tiradentes debate os questionamentos e o futuro da arte. Sob o tema "Vertentes da Criação" proposto pelos curadores Francis Vogner dos Reis e Lila Foster, o festival ocorre entre de forma online e gratuita nos dias 22 a 30 de janeiro.
O tema surgiu a partir da percepção de que há, em anos recentes, uma reconfiguração intelectual e empírica dos processos na produção do país, cuja singularidade está condicionada por elementos variados: universos simbólicos, ética das imagens a partir dos espaços, personagens e territórios, estética amparada em perspectiva crítica do automatismo das práticas da expressão audiovisual do mercado e, principalmente, a economia de um tempo que resiste aos modelos célere de velocidade da circulação do capital. O cinema brasileiro se reinventa nas circunstâncias impostas a ele e nas inquietações de criadores arrojados que constantemente reinventam as formas do fazer.
"O convite a esse exercício de pensar os caminhos, do cinema pode criar um léxico, novas palavras, acionar o campo de expressão das experiências particulares do trabalho de criação, um trabalho que não está isolado dos processos mais amplos do mundo (econômicos, técnicos, políticos), mas dele toma parte ativa com mais proximidade ou com uma calculada e necessária distância", afirma Francis.
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Programação
Para compor a programação do festival, os curadores separaram 114 filmes, entre longas e curtas-metragens, de 19 estados brasileiros, que reúnem o melhor da cinematografia brasileira contemporânea.
Dividida em 11 categorias (Mostra Aurora, Mostra Olhos Livres, Mostra Temática Vertentes da Criação, Mostra Praça, Mostra Homenagem, Mostra Sessão da Meia-Noite, Mostra Foco, Mostra Panorama, Mostra Foco Minas, Mostra Formação e Mostrinha, Mostra Jovem e Sessão Família), o festival também contará com debates ao longo do evento, nos Encontros com os Filmes, com a presença de diretores, equipes de produção e críticos convidados.
A coordenação curatorial do evento é assinada por Francis Vogner dos Reis, que assina junto com a pesquisadora Lila Foster a seleção de longas-metragens. A seleção de curtas-metragens foi feita por Camila Vieira, Tatiana Carvalho Costa e Felipe André Silva.
Paula Gaitán é a homenageada da 24° Mostra de Cinema de Tiradentes
Paula Gaitán é sinônimo de resistência. Atriz, produtora, diretora - uma artista multimídia -, ela realiza obras com inovações, sem ou com financiamento, ficção e realidade, pintando ou usando o corpo.
De origem colombiana, Paula lançou seu primeiro filme em 1989, "Uaka", filmado no Xingu. Antes de se arriscar como diretora, já atuava no campo artístico como atriz, fotógrafa e diretora de arte. Foi parceira de Glauber Rocha, fazendo o cartaz de "Cabeças Cortadas" e a cenografia de “A Idade da Terra”.
Como diretora, assinou os filmes: “Diário de Sintra”, “Noite”, “Vida”, “Agreste” e “É Rocha e Rio, Negro Léo”. Na ficção, dirigiu “Exilados do Vulcão” e “Luz nos Trópicos”. Escolhida para receber a homenagem e o Troféu Barroco da 24° Mostra de Cinema de Tiradentes, o festival também vai promover um evento virtual com a cineasta, além da exibição de oito trabalhos: “Diário de Sintra”, “Exilados do Vulcão”, “Noite”, “Luz nos Trópicos”, o videoclipe “A Mulher do Fim do Mundo” de Elza Soares e três filmes inéditos: o curta “Ópera dos Cachorros”, o média “Se Hace Camino Al Andar” e o filme de abertura da Mostra, na noite do dia 22 de janeiro, em pré-estreia mundial, que a diretora está finalizando para apresentar no evento.
Para conferir outras informações da 24° Mostra de Cinema de Tiradentes e fazer sua inscrição, acesse: https://mostratiradentes.com.br/
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